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5 filmes que você jamais deve nem pensar em assistir

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Na vasta e fascinante selva do cinema, existem obras que nos transformam, que nos elevam e que marcam nossa memória para sempre. E existem aquelas que nos agridem. Não falo da agressão catártica de um bom filme de terror ou do desconforto propositivo de um drama denso. Falo de obras que parecem ter como único objetivo o choque pelo choque, que confundem transgressão com agressão e que, no fim das contas, deixam um gosto amargo de tempo perdido e de limites desrespeitados.

Como crítico e, antes de tudo, como um apaixonado pela sétima arte, sinto ser meu dever não apenas indicar os caminhos para as obras-primas, mas também sinalizar os becos sem saída, as armadilhas cinematográficas que não oferecem nada em troca de sua paciência e estômago. A lista a seguir não se baseia em meros gostos pessoais, mas em um consenso crítico e público sobre filmes que ultrapassaram a linha do aceitável, adentrando o território do puro e simples mau gosto ou da exploração vazia. Quero deixar claro que todos os filmes dessa lista são extremamente pesados, tem um conteúdo altamente perturbador não são “ruins” pela má qualidade de produção ou pelo roteiro, mas sim pelo conteúdo chocante que apresentam. Alguns inclusive foram banidos em vários países.

Esta não é uma lista para curiosos em busca de emoções fáceis, mas um aviso de amigo. Guarde seu tempo e sua sensibilidade para o cinema que importa. Estes são 5 filmes que você, caro leitor, nunca deveria ver.

1. Um Filme Sérvio (A Serbian Film, 2010)

Poucos filmes na história recente carregaram uma aura de controvérsia tão pesada quanto este exemplar sérvio. Promovido como uma alegoria política sobre os abusos sofridos pelo povo sérvio, o filme se perde em uma espiral de depravação gráfica que anula qualquer possível mérito discursivo. A trama segue um ator pornô aposentado que aceita um último trabalho e se vê mergulhado em um submundo de perversões extremas, incluindo pedofilia e necrofilia. A violência é tão explícita e a narrativa tão focada em chocar a audiência a qualquer custo que a suposta crítica social se torna um sussurro inaudível em meio a gritos de puro horror exploratório. Não há arte aqui, apenas um exercício de sadismo cinematográfico. Há cenas altamente grotesca, incluindo incesto e pedofilia. Se o filme era uma crítica, o roteirista deveria ter pensado 100 vezes antes de escrever o que escreveu.

2. Salò, ou os 120 Dias de Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma, 1975)

A obra final do mestre italiano Pier Paolo Pasolini é, talvez, o filme mais intelectualmente defensável desta lista, mas nem por isso sua recomendação se torna possível. Baseado na obra do Marquês de Sade e ambientado na República de Salò, estado-fantoche fascista de 1944, o filme é uma representação fria e sistemática do poder absoluto corrompendo absolutamente. Quatro libertinos fascistas sequestram um grupo de jovens e os submetem a 120 dias de tortura física, mental e sexual. Pasolini queria criar uma metáfora sobre a desumanização promovida pelo fascismo e pelo consumismo. O resultado, no entanto, é uma experiência cinematográfica quase insuportável, um filme clinicamente cruel que deixa o espectador exausto e enojado, sem espaço para a reflexão pretendida. É um testamento artístico sombrio, mas que cobra um preço psicológico altíssimo de quem ousa assisti-lo.
Novamente, uma crítica ao sistema, mas a forma em que o conteúdo é apresentado é deplorável.

3. Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust, 1980)

Nos anos 1970, muitas produções italianas ganharam destaque. Houve uma época em que se produziu muito conteúdo envolvendo a América do Sul, com um enfoque meio grotesco. Este filme italiano de Ruggero Deodato é infame por duas razões principais: foi um dos precursores do subgênero “found footage” (gravações encontradas) e pela sua chocante crueldade real contra animais, filmada e inserida na versão final. A história de uma equipe de documentaristas que desaparece na Amazônia ao filmar tribos canibais é um pretexto para uma sucessão de cenas bárbaras. A polêmica foi tamanha que Deodato chegou a ser preso, acusado de ter assassinado seus atores (o que se provou falso). Mesmo que se argumente que o filme é uma crítica à própria mídia sensacionalista, a exploração gratuita da violência e, principalmente, a morte real de animais em cena, o tornam uma obra eticamente indefensável e artisticamente repulsiva.
AVISO: o filme apresenta cenas REAIS de animais sendo maltratados e mortos.

4. Pink Flamingos (1972)

Um clássico do cinema trash e cult, a inclusão deste filme de John Waters pode surpreender alguns. Diferente dos outros, seu objetivo não é o horror, mas a celebração do bizarro e do mau gosto como forma de rebeldia. A trama acompanha a drag queen Divine e sua família em uma competição pelo título de “pessoa mais imunda do mundo”. O problema é que, para provar seu ponto, Waters filma atos de coprofagia (a cena final de Divine comendo fezes de cachorro é real), incesto e outras bizarrices de forma amadora e debochada. Embora tenha seu valor como um marco da contracultura, “Pink Flamingos” é um filme que envelheceu mal, cuja transgressão hoje soa mais como uma travessura juvenil de mau gosto do que como um manifesto artístico relevante. É uma curiosidade histórica que é melhor lida a respeito do que vista. Uma curiosidade: há um vídeo na internet em que se gravou uma audiência no cinema reagindo enquanto via o filme. As caras das pessoas mostram bem o que você NÃO deve ver.

5. A Centopeia Humana 2 (The Human Centipede II (Full Sequence), 2011)

Se o primeiro filme da série já era uma ideia grotesca, um cientista louco que une cirurgicamente três pessoas da boca ao ânus, a sequência eleva a aposta na depravação de uma forma que beira o ridículo. Filmado em preto e branco, o longa acompanha um segurança de estacionamento mentalmente instável e obcecado pelo primeiro filme, que decide criar sua própria “centopeia humana” com doze pessoas. O diretor Tom Six abandona qualquer pretensão de suspense ou crítica e mergulha de cabeça no torture porn mais abjeto. A violência é crua, a produção é suja e o único propósito parece ser o de causar a máxima repulsa no espectador. É um filme que se deleita em sua própria imundície, sem oferecer absolutamente nada em troca. Uma perda de tempo e de sanidade.

Bônus do caos: Guerra dos mundos (2025); onde a única invasão é o mau gosto

Desde que H.G. Wells publicou seu romance seminal em 1898, a humanidade tem um fascínio mórbido com a ideia de uma invasão marciana. A história já rendeu uma transmissão de rádio que aterrorizou os Estados Unidos, um clássico do cinema em 1953 e um blockbuster avassalador de Steven Spielberg em 2005. Em pleno 2025, o Amazon Prime Video decidiu que era hora de uma nova leitura, lançando de surpresa uma versão estrelada pelo rapper e ator Ice Cube. A surpresa, infelizmente, se converteu rapidamente em choque, e não pelos motivos certos. Esta nova “Guerra dos Mundos” é um desastre de proporções alienígenas, um dos piores filmes do ano e um forte candidato a pior adaptação da obra de Wells já concebida.

Dirigido por Rich Lee, um veterano dos videoclipes, o filme tenta desesperadamente modernizar a trama para a era da vigilância digital e das telas onipresentes. A premissa, em si, não é desprovida de potencial: Will Radford (Ice Cube) é um analista de cibersegurança que passa seus dias monitorando ameaças globais através de complexos sistemas de vigilância. Quando uma entidade desconhecida inicia um ataque coordenado ao planeta, ele é um dos primeiros a testemunhar o caos, mas está preso ao seu bunker, assistindo ao apocalipse através de webcams, drones e videochamadas.

O que poderia ser uma abordagem claustrofóbica e inovadora, no estilo “screen life” (filmes que se passam inteiramente em telas de computador ou celular), revela-se uma decisão catastrófica. O longa se transforma em um infomercial de 90 minutos para a própria Amazon. A narrativa é constantemente interrompida por product placements tão descarados que chegam a ser cômicos, culminando em uma cena inacreditável onde a ativação de uma assinatura Prime se torna um elemento crucial para a sobrevivência.

Ice Cube, um ator de presença inegável, passa a maior parte do tempo sentado, reagindo com uma expressão impassível a imagens pixeladas e a diálogos expositivos sofríveis. Eva Longoria, no papel de uma cientista da NASA, é completamente desperdiçada em um papel que se resume a explicar o óbvio em uma chamada de vídeo. A tensão é nula, o suspense é inexistente e os efeitos visuais parecem saídos de um videogame de uma década atrás. A tentativa de criar uma ameaça invisível e tecnológica falha miseravelmente, pois o que vemos na tela não gera medo, apenas tédio e frustração.

As críticas internacionais foram unânimes e impiedosas, com o filme alcançando a rara e vergonhosa marca de 0% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes. Críticos apontaram a produção como “um insulto ao material original”, “hilariamente ruim” e “uma propaganda disfarçada de filme”. A filmagem, realizada ainda em 2020 durante a pandemia, talvez explique parte dos problemas, mas não justifica a total falta de alma e competência cinematográfica.

No fim, esta “Guerra dos Mundos” de 2025 não será lembrada pelos seus tripods ou pelo raio da morte, mas por sua capacidade impressionante de errar em todos os aspectos possíveis. É uma obra que confunde modernização com publicidade, e tensão com a imagem de um ator olhando fixamente para uma tela. Se os marcianos de Wells vissem esta adaptação, talvez decidissem poupar o planeta por pura compaixão. Evite a todo custo.

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