O Brasil está avaliando a possibilidade de criar o seu próprio sistema de geolocalização por satélite. O Governo Federal criou, no último dia 01 de julho, um grupo de trabalho com especialistas na área para estudar a viabilidade do projeto.
O grupo reúne representantes do Ministério da Defesa, da Força Aérea Brasileira e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de agências e institutos federais, e da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB).
Atualmente, o Brasil utiliza o popular GPS (Global Positioning System), desenvolvido e operado pelos Estados Unidos. No entanto, com a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo norte-americano, o Brasil passou a considerar alternativas que reduzam sua dependência tecnológica do país.
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Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que, caso as tensões diplomáticas aumentem, novas sanções podem ser impostas, incluindo a possibilidade – ainda que remota – de restrição ao uso do GPS em território nacional. Essa hipótese, porém, é considerada improvável por analistas de tecnologia, uma vez que medidas dessa natureza poderiam impactar negativamente outros países e parceiros.
Para Rodrigo Leonardi, diretor de Gestão de Portfólio da Agência Espacial Brasileira (AEB), o desligamento do GPS no Brasil é altamente improvável.
“Primeiro, porque não houve nenhum comunicado, de nenhuma autoridade norte-americana, sobre essa possibilidade. Depois, porque mesmo que isso ocorresse – o que seria uma medida extrema e pouco provável – há alternativas ao GPS”, afirmou o diretor da AEB.
O grupo de estudiosos foi autorizado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República e terá um prazo de seis meses para apresentar um relatório detalhado com os desafios, vantagens e desvantagens de desenvolver um sistema brasileiro de geolocalização. O prazo poderá ser prorrogado por mais seis meses.
Alternativas ao GPS americano
Mesmo em cenários extremos, como uma eventual suspensão do GPS no Brasil, os impactos seriam limitados. Atualmente, existem outros sistemas de navegação global por satélite em operação, como o Galileo, da União Europeia; o GLONASS, da Rússia; e o BeiDou, da China — este último considerado por muitos especialistas o mais avançado da atualidade.
Importância de um sistema de posicionamento
O GPS é muito mais do que um guia para chegar ao destino. Ele é uma tecnologia essencial que permite localizar qualquer pessoa ou objeto no planeta com precisão, usando uma rede de satélites em órbita.
Está presente em apps de transporte, delivery, agricultura de precisão, aviação, navegação, serviços de emergência e até no funcionamento de bancos e redes de internet. Ou seja, está por trás de muito do que usamos no dia a dia.
Ter um sistema próprio de geolocalização, como o Brasil vem estudando, significa mais segurança, autonomia tecnológica e menos dependência de outros países. Não se trata apenas de localização, mas de soberania e desenvolvimento.
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