Home Filmes Crítica | Superman: O Triunfo da Bondade na Era do Cinismo
FilmesÚltimas

Crítica | Superman: O Triunfo da Bondade na Era do Cinismo

Ciompartilhar
Filme Superman (2025)
Filme Superman (2025). Foto: James Gunn
Ciompartilhar

Título Original: Superman

Diretor: James Gunn

Roteiro: James Gunn

Elenco Principal: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nicholas Hoult, Wendell Pierce, Skyler Gisondo.

Por Marco Assis

Havia um peso quase insustentável sobre os ombros de “Superman”. Mais do que o primeiro capítulo do novo Universo DC (DCU) de James Gunn e Peter Safran, o filme carregava a missão hercúlea de resgatar a própria alma do personagem nos cinemas. Após uma era de desconstrução que pintou o Homem de Aço em tons sombrios e divinos, um Messias torturado em um mundo que não o compreendia, a pergunta que pairava em Metrópolis era: ainda há espaço para a bondade pura? James Gunn não apenas responde com um sonoro “sim”, como também argumenta que ela nunca foi tão necessária.

A visão de Gunn, que assina direção e roteiro, é uma ousada aposta na simplicidade e naquilo que é essencial. Longe de recontar a origem já exaustivamente explorada, o filme nos apresenta a um Clark Kent (David Corenswet) já estabelecido como o protetor de Metrópolis, mas ainda em processo de reconciliar sua herança kryptoniana com sua criação profundamente humana no Kansas. Esta não é uma história de descoberta de poderes, mas de consolidação de caráter.

Eu confesso que havia um peso enorme sobre este novo filme do Superman. Mais do que apenas o início de um novo universo cinematográfico da DC, ele tinha a difícil missão de resgatar a essência de um personagem que, para mim, andava perdido em meio a abordagens sombrias e distantes. A grande questão era: ainda existe lugar para um herói genuinamente bom? Ao sair do cinema, a minha resposta é que não só existe, como essa bondade nunca se fez tão urgente.

O que o diretor e roteirista James Gunn fez aqui foi um ato de coragem: ele apostou na simplicidade e no coração do personagem. Em vez de nos dar mais uma história de origem, o filme nos coloca diretamente em Metrópolis, com um Clark Kent (interpretado por David Corenswet) já atuando como herói, mas ainda buscando seu lugar no mundo. A jornada não é sobre descobrir seus poderes, mas sobre entender seu propósito.

E é aqui que o filme me conquistou. David Corenswet entrega uma atuação que eu considero fantástica. Ele consegue transmitir a imponência de um ser superpoderoso e, ao mesmo tempo, o calor e a gentileza de um rapaz do interior. O Superman dele não é uma figura divina que nos observa de cima, mas alguém que escolhe caminhar entre nós, sempre buscando enxergar o bem nas pessoas. Ficou claro para mim que a maior força do personagem, nesta versão, não é física, mas moral.

Outro ponto altíssimo é a dinâmica do Planeta Diário. A Lois Lane de Rachel Brosnahan é exatamente o que eu esperava: uma jornalista inteligente, proativa e movida por uma busca incansável pela verdade. A relação dela com Clark é construída na base da admiração mútua e do intelecto, o que torna o romance muito mais crível e envolvente. Ela não é uma donzela a ser salva, mas uma verdadeira parceira. Do outro lado, o Lex Luthor de Nicholas Hoult é um adversário à altura, cuja oposição ao Superman vem de uma visão de mundo complexa, e não de uma simples ganância por poder.

Do outro lado, Nicholas Hoult oferece um Lex Luthor que se afasta do megalomaníaco caricato para abraçar uma ameaça mais cerebral e ideológica. Seu antagonismo a Superman não é apenas inveja, mas um profundo conflito filosófico. Para seu Lex, a existência de um ser como Superman é uma afronta ao potencial humano, um convite à estagnação. É uma rivalidade que se desenrola tanto em espetaculares confrontos públicos quanto em venenosos embates de retórica.

Lex Luthor. Foto: Warner Bros.
Lex Luthor. Foto: Warner Bros.

Mas o que realmente eleva o filme, na minha opinião, é a forma como ele explora a dualidade de seu protagonista. A luta interna de Clark Kent não é tratada como um mero disfarce. É o conflito central de um homem dividido entre dois mundos: o legado de Krypton, que o torna um deus entre os homens, e a criação humilde no Kansas, que lhe deu uma alma. O filme faz uma pergunta fundamental: quem somos nós? Somos definidos por nossa origem ou por nossas escolhas e vivências? A decisão de Superman de abraçar sua humanidade não é vista como uma fraqueza, mas como sua maior força, a conclusão de sua jornada para entender a si mesmo.

Visualmente, o filme é um espetáculo. As cores vibrantes e a estética cheia de vida são uma bem-vinda mudança em relação aos tons acinzentados que vimos antes. A trilha sonora acompanha esse sentimento, inspirando heroísmo e esperança.

No fim, saí do cinema com a sensação de que “Superman” é um renascimento. James Gunn nos lembra que é possível ser otimista sem ser ingênuo. Em meio a tantos anti-heróis, ver um personagem que representa a compaixão e a decência de forma tão convicta foi revigorante. Este é, sem dúvida, o Superman que eu e muitos de nós precisávamos ver novamente nas telas. Um verdadeiro símbolo de esperança.

Leia mais em: Filmes.

Ciompartilhar

Em Alta

Conteúdo relacionado
GPS brasileiro
TecnologiaÚltimas

Brasil avalia criar seu próprio sistema de GPS

O Brasil está avaliando a possibilidade de criar o seu próprio sistema...

NASA KennedySpace Center
CiênciaÚltimas

Como assistir ao lançamento da missão Crew-11 da SpaceX rumo à Estação Espacial

A SpaceX e a Agência Espacial Americana (NASA) estão nos ajustes finais...

melhores celulares de até 3000 reais
RecomendaçõesSmartphoneÚltimas

Os 7 melhores celulares de até R$ 3.000 em 2025

Escolher um celular novo muitas vezes pode se tornar uma dor de...

Realme passa Apple e se torna a 4º maior no mercado brasileiro.
SmartphoneÚltimas

Realme passa Apple e se torna a quarta maior marca de celulares no Brasil

As marcas chinesas de smartphones estão cada vez mais presentes no dia...