Ao olhar para o futuro da medicina é quase inevitável imaginar um médico e uma IA trabalhando lado a lado, em sincronia, ambos ampliando seus “poderes diagnósticos” e de pesquisa, ajudando, assim, diversas pessoas em seus tratamentos.
Embora a ferramenta tenha auxiliado a aumentar a precisão em colonoscopias, ajudando na identificação de crescimentos pré-cancerígenos no cólon, o uso contínuo fez com que médicos, ao terem o suporte removido, perdessem cerca de 20% de sua capacidade de detectar adenomas, em comparação ao período anterior ao uso da IA
Uma pesquisa recente, publicada na revista The Lancet Gastroenterology & Hepatology, expôs a problemática.
Como ocorreu essa pesquisa?
O estudo avaliou, durante seis meses, 19 profissionais com ampla experiência em colonoscopia, envolvendo 4 centros de endoscopia diferentes na Polônia.
Foi revelado que o uso contínuo de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) gera muita dependência da ferramenta, fazendo com que os médicos possam perder, em poucos meses, parte de sua própria habilidade.
Além disso, a detecção de adenomas (pólipos que podem evoluir para câncer) pelos especialistas caiu de 28,4% para 22,4% quando a IA foi retirada. Nos procedimentos com IA, a taxa foi de 25,3%.
Leia Mais
Como assistir à Gamescom 2025: confira as datas e horários de cada apresentação
5 filmes que você jamais deve nem pensar em assistir
Adultização: as Big Techs e o grande alerta
O que a pesquisa revela sobre a queda nas habilidades médicas
Pesquisadores apontam que o fenômeno é fruto de um excesso de dependência ao suporte da IA — ou seja, o “efeito Google Maps”.
A explicação é quase poética: Assim como usar um GPS, perdemos nossa própria bússola interna e “intuitividade” de se direcionar; Da mesma forma, ao retirar a IA, os médicos ficaram menos atentos, menos motivados e até menos confiantes.
Em outras palavras, retirar a IA do suporte provavelmente reduz a capacidade de tomada de decisões dos médicos.
Consequências potenciais
Especialistas alertam que cada queda de 1% na taxa de detecção de adenomas pode representar uma redução de até 3% na prevenção de câncer colorretal na população.
Assim, por mais que pequena, essa queda na taxa de detecção pode significar milhares de pacientes sem diagnóstico precoce, um fator que pode ser decisivo no combate ao câncer colorretal.
Contraponto: quando a IA realmente ajuda
Ainda assim, a IA não é inimiga. É importante lembrar que ela também traz muitos benefícios.
Um estudo do Google Health (com mais de 28 mil exames) mostrou que o uso de IA em mamografias, por exemplo, reduziu falsos diagnósticos em 5,7%, além de trazer mais precisão e menos ansiedade para pacientes.
Portanto, notavelmente percebemos o quanto o uso dessa ferramenta é indispensável, por mais que haja problemas inerentes ao seu uso e dependência.
Algumas sugestões de especialistas para mitigar esse “desaprendizado” são alternar procedimentos com e sem IA, além de desenvolver treinamentos periódicos sem uso da ferramenta.
É razoável pensar que manter o julgamento clínico ativo para situações em que a IA possa falhar é uma excelente estratégia e plano B.