O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na manhã desta quinta-feira em Fortaleza para anunciar um pacote de investimentos em educação no Ceará, mas foi recebido por manifestações de professores e estudantes das universidades e institutos federais que estão em greve há quase três meses.
Pela manhã, Lula concedeu uma entrevista exclusiva a uma rádio local, onde destacou a importância dos novos investimentos para a educação no estado. Em seguida, dirigiu-se ao Palácio da Abolição, sede do Governo do Ceará, para o anúncio oficial de um robusto pacote de investimentos voltado à rede federal de ensino.
Entre as principais novidades, destacam-se a construção de novos campi e hospitais universitários, além da abertura de novos cursos superiores. Lula enfatizou a relevância dessas iniciativas para o desenvolvimento regional e a formação de mão-de-obra qualificada no estado.
Lula afirmou que os investimentos no Nordeste são prioridade em seu governo, já que, historicamente, estados do Sul e Sudeste sempre foram beneficiados. “Por que no Nordeste temos menos universidades, menos mestres, menos doutores, menos institutos de pesquisa, menos laboratórios, por que a gente tem mais desnutrição, mortalidade infantil, mais analfabeto? Não é normal, Deus não pode ser injusto com o povo do Nordeste”, questionou Lula.
“É preciso dar ao povo do Nordeste a chance dele poder competir. A gente não quer tirar nada de ninguém, a gente quer apenas ter a mesma oportunidade. O nosso filho não quer tirar o rico da universidade, a gente quer ter o direito de competir com ele no Enem. A gente quer ter a chance de sentar lado a lado e ver quem estudou mais. Dizer que o pobre é mais burro que o rico é mentira, porque [o educador] Paulo Freire dizia ‘quando as crianças comem, todo mundo vira inteligente’. Então, tomei quase como uma profissão de fé [os investimentos em educação]”, acrescentou o presidente.
Protestos e reações
No entanto, a visita do presidente foi marcada por protestos de professores e estudantes das universidades e institutos federais em greve, que exigem melhores condições de trabalho e reajuste salarial. Os manifestantes se concentraram em frente ao Palácio da Abolição, expressando sua insatisfação com cartazes e gritos de ordem.
Lula, ao ser questionado sobre a greve, não poupou críticas ao movimento. “Esse tipo de paralisação não prejudica o governo, mas sim os alunos que ficam sem aula. Precisamos encontrar soluções que não impactem a educação dos jovens,” afirmou o presidente, reiterando a necessidade de diálogo entre governo e educadores para resolver o impasse.
O evento no Palácio da Abolição contou com a presença de simpatizantes de Lula, mas também evidenciou uma queda na sua popularidade em Fortaleza, onde enfrenta resistência crescente. Entre os presentes estavam o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), e Evandro Leitão, pré-candidato à prefeitura da capital e atual opositor de Sarto.
Inauguração do Residencial Jardim I
No fim da tarde, Lula, acompanhado do ministro da Educação, Camilo Santana, inaugurou o residencial Jardim I, em Fortaleza, composto por cerca de 400 novas casas. “Esse residencial estava concluído desde 2018, mas ficou parado por falta de iniciativa. Hoje, estamos entregando essas casas para as famílias que tanto precisam,” destacou o presidente durante a cerimônia de inauguração.
Com informações da Agência Brasil.