Nos últimos anos, o número de casos de infarto têm aumentado de forma desenfreada. De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), os casos de infarto entre homens e mulheres aumentaram cerca de 158% de 2008 a 2022. Os dados são do Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde.
Alguns fatores podem explicar o salto nos números nas últimas décadas. Segundo a diretora geral do INC, Aurora Issa, a ocorrência de infarto do miocárdio é mais comum em idosos e na população obesa. O sedentarismo também pode ser um fator de destaque.
De acordo com Aurora, as temperaturas mais baixas também são um fator relevante no risco de infarto. Informações do INC mostram que a incidência desses casos é maior no inverno. Em 2022, por exemplo, a quantidade de infartos nessa época do ano foi 27,8% superior entre as mulheres e 27,4% maior entre os homens em relação ao verão.
“O frio leva à contração dos vasos [sanguíneos]”, diz a especialista. “A pessoa que tem um infarto, na maioria das vezes, já tem a placa de gordura nas artérias. O que leva ao infarto é uma inflamação na placa e a formação de um trombo em cima dessa placa. As infecções, muitas vezes, são um gatilho para a inflamação.”
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As doenças relacionadas ao sistema cardiovascular são a principal morte de homens e mulheres no Brasil nos últimos anos, segundo dados do Ministério da Saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, ainda, que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo.
Casos de infarto em tendência de alta
De acordo com Marcelo Sobreira Filho, médico cardiologista e especialista em arritmias cardíacas, as ocorrências de infarto do miocárdio devem aumentar cerca de 200% até 2040. O principal fator que joga os índices lá em cima é o fato da população estar se expondo mais à fatores de risco.
“Boa parte da população está se expondo a fatores de risco cada vez mais precoce, desde a adolescência” explica o especialista.
Marcelo Sobreira também lembra que a obesidade, sedentarismo, hipertensão, resistência insulínica e diabetes, má qualidade do sono e transtorno de ansiedade estão cada vez mais presentes são fatores de risco que podem agravar o quadro clínico.
O cardiologista reforça que, mesmo com o avanço no desenvolvimento de novos medicamentos, o cuidado com a saúde desde cedo é fundamental para ter uma qualidade de vida melhor no futuro.
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